Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
a) O soneto de Bocage focaliza o tópico do lugar ameno. Justifique a afirmação com um verso do texto.
b) Explique o sentido dos versos finais do poema: "Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,/Mais tristeza que a morte me causara".
c) Localize e explique a antítese presente na última estrofe do soneto.
GABARITO
a) O eu lírico, em várias passagens do poema, exalta a singeleza e a alegria do campo. Um verso que sintetiza essa postura é "Que alegre campo! Que manhã tão clara!".
b) Nesses versos finais, o eu lírico afirma a sua Marília que a visão alegre da natureza lhe causaria uma tristeza maior que a morte se ele não a visse. Desse modo, declara que a sua felicidade está condicionada à presença da amada.
c) Na última estrofe do soneto, há uma antítese entre a alegria sentida pelo eu lírico (vinculada à visão da natureza) e sua eventual tristeza (sentida, se porventura, não visse a amada Marília).