O Realismo, em Portugal, inicia-se com um confronto de ideias entre a nova e a velha geração de escritores portugueses. Em 1865, o escritor Antero de Quental, influenciado pelas novas ideias filosóficas e científicas europeias, publicou um livro de poemas, Odes modernas, defendendo que a poesia é a "voz da revolução"; ou seja: deve ser engajada, ter compromisso social. Antônio Feliciano de Castilho, escritor romântico, pedagogo e polemista, criticou o posicionamento de Antero de Quental. Este, em resposta a Castilho, publicou uma "carta aberta" com o título "Bom senso e bom gosto"; contra o crítico e a literatura romântica. Os escritores românticos se aliaram a Castilho e os jovens escritores a Antero de Quental. Essa polêmica foi denominada Questão Coimbra (referência à cidade de Coimbra, onde surgiu tal discussão) ou "Polêmica do bom senso e bom gosto" e desencadeou em Portugal a divulgação das novas ideias, como o positivismo, o socialismo e o cientificismo, que influenciaram a produção estética da época: o Realismo.
O Realismo renovou a literatura portuguesa, ainda presa ao Romantismo e ao Arcadismo, incorporando uma nova linguagem, uma nova visão de mundo e novos temas.
A poesia realista portuguesa apresentou quatro vertentes:
- poesia realista, de crítica social e engajamento político, representada por Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, entre outros;
- poesia do cotidiano, de Cesário Verde, que tematizava elementos da realidade considerados antipoéticos: como a vida nos centros urbanos e nas áreas industriais;
- poesia parnasiana, de João da Penha e outros, que buscava retomar a tradição clássica;
- poesia metafísica, de Antero de Quental, que te matizava a vida, a morte, a religiosidade.
A prosa de ficção portuguesa criticava a burguesia, a monarquia, o clero, as instituições sociais, a hipocrisia. Dentre os prosadores desse período, destaca-se Eça de Queirós.