Leia este trecho do conto “O companheiro de viagem”, de Figueiredo Pimentel, para responder às questões.
André, [...] menino querido e estimado por todos que o conheciam, achava-se desesperado [...] porque sabia que o seu extremoso pai estava nos paroxismos finais da vida.
Só ele velava no pequeno [...] aposento onde jazia o moribundo. A lamparina acesa derramava amortecida claridade. Era noite alta.
De súbito, o velho, quebrando o silêncio, falou:
― Sempre foste bom filho, André [...].
Depois, olhou tristemente o filho, pela última vez; fechou os olhos para sempre [...]. Estava morto, mas parecia dormir apenas um sono doce [...] porque morrera serenamente [...]
André [...] chorava amargamente: ajoelhado junto à cama, tendo entre as suas as mãos do seu amado morto, beijando-as [...] deixou-se ficar na mesma posição, sempre a chorar, até que, vencido pelo sono [...] adormeceu.
Sonhou. [...] Viu o velho, de perfeita saúde, sorrindo-se, alegre como outrora [...] Uma encantadora mocinha [...] estendia-lhe a mão, enquanto seu pai lhe dizia: “Eis tua noiva, André. É a moça mais formosa do mundo inteiro”.
O menino despertou.
A agradável [...] visão havia desaparecido. Ninguém se achava a seu lado: no quarto, só estavam ele e o cadáver.
No dia seguinte enterraram o morto.
PIMENTEL, Figueiredo. O companheiro de viagem. In: Histórias da Avozinha.
Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000137.pdf>.
Glossário:
Paroxismo: respiração ruidosa de quem agoniza.
1. Marcadores de tempo são recursos coesivos que ajudam na construção dos textos ficcionais.
a) Relacione no quadro cada marcador de tempo destacado com o fato ocorrido no fragmento.
b) Em seguida, responda: qual é a função dos marcadores de tempo nesse fragmento do conto?
Objeto (s) de conhecimento:
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos
Habilidade
(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.
Os alunos analisam, em um texto ficcional, recursos coesivos que constroem a passagem do tempo, associando esses marcadores ao seu respectivo fato conforme este acontece no fragmento. Resposta correta no item a:
100%
Resposta possível no item b: A função desses marcadores é indicar o avanço do tempo, a ordem em que os fatos narrados acontecem no fragmento.
50% Os alunos realizam corretamente apenas uma das duas atividades solicitadas no comando.
0% Os alunos não associam corretamente os marcadores de tempo aos fatos correspondentes no item a nem apresentam uma resposta adequada no item b. Portanto, não analisam os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo.
Orientações sobre como interpretar as respostas e reorientar o planejamento com base nos resultados:
Recomenda-se que os alunos sejam levados a analisar os marcadores de tempo em textos ficcionais em atividades de leitura desses textos. Perguntas do tipo: “O que acontece primeiro? E depois? e por último?” e “Que palavras ou expressões temporais indicam essa sequência de fatos?” ajudam os alunos a perceber a importância desses marcadores na articulação das partes do texto.
2. Observe a reprodução das falas dos personagens no fragmento e responda:
a) Que tipo de discurso o narrador utiliza?
b) Que efeito de sentido esse discurso provoca no texto?
Objeto (s) de conhecimento:
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos
Habilidade: (EF69LP47)
Grade de correção:
100% Os alunos analisam adequadamente o efeito de sentido decorrente do uso do discurso direto no fragmento.
Resposta do item a: O narrador faz uso do discurso direto.
Resposta do item b: O efeito de sentido provocado é que o leitor se aproxima mais da história ao reconhecer, ele próprio, a voz do personagem.
50% Os alunos respondem corretamente a apenas uma das duas perguntas solicitadas no comando.
0% Os alunos respondem que o tipo de discurso utilizado no fragmento é o discurso indireto e não reconhecem o efeito de sentido provocado pelo discurso direto, presente no texto.
Orientações sobre como interpretar as respostas e reorientar o planejamento com base nos resultados:
Para os alunos que apresentam dificuldade em reconhecer o efeito de sentido provocado pelo uso dos tipos de discurso, proponha atividades em que possam realizar uma análise comparativa entre os dois tipos de discurso em gêneros ficcionais. Perguntas como: “Que impressões você percebeu no uso desse discurso?” e “E se fosse esse outro discurso, que impressões você teria?” podem nortear o debate sobre o tema.